O DNA mais antigo do mundo possui 2 milhões de anos
Pesquisadores afirmam que fragmentos de DNA foram detectados em uma panóplia de animais, incluindo mastodontes, renas e outros. Veja!
Em um estudo recente, cientistas identificaram DNA de animais, plantas e micróbios que existem há cerca de 2 milhões de anos.
Essa descoberta é a mais antiga já registrada a partir de resíduos no ponto mais ao norte da Groenlândia, escavados ao redor da foz de um fiorde do Oceano Ártico, revelando um incrível mundo perdido nesta fronteira remota.
Pesquisadores disseram que fragmentos de DNA foram detectados em uma panóplia de animais, incluindo mastodontes, renas, lebres, lemingues e gansos, bem como plantas, como choupos, bétulas e thuja, e micro-organismos, incluindo bactérias e fungos.
O mastodonte era um parente do elefante que vagou pela América do Norte e Central até sua extinção ao lado de muitos outros grandes mamíferos da Era do Gelo há cerca de 10 mil anos. A descoberta mostra que tinha um alcance mais amplo do que o conhecido anteriormente.
“O mastodonte foi uma grande surpresa. Ele nunca havia sido encontrado na Groenlândia antes. No entanto, a maior surpresa foi esse ecossistema único de espécies árticas e temperadas misturadas sem nenhum análogo moderno”, disse Eske Willerslev, diretor do Lundbeck Foundation GeoGenetics Center e líder do estudo publicado na revista Nature.
“Acho que ninguém poderia prever que a Groenlândia abrigaria tamanha diversidade de plantas e animais 2 milhões de anos atrás, quando o clima era muito semelhante ao que esperamos testemunhar em alguns anos por causa do aquecimento global”, acrescentou Willerslev, que é afiliado à Universidade de Cambridge e à Universidade de Copenhague.
O estudo mostrou que, embora o DNA antigo seja altamente perecível, sob as condições certas, neste caso, o permafrost pode sobreviver por mais tempo do que se julgava ser possível.
Segundo Willerslev, ele não ficaria surpreso ao encontrar agora com mais DNAs de pelo menos 4 milhões de anos atrás.
Os pesquisadores extraíram e sequenciaram o DNA de 41 amostras de sedimentos ricos em matéria orgânica obtidas de cinco locais na península de Peary Land, que se projeta para o Oceano Ártico.
Parcelas microscópicas de DNA foram extraídas de argila e quartzo na camada, tendo sido identificados mais de 100 tipos de animais e plantas.
“Achamos que é porque o DNA se ligou a partículas minerais que permitiram sua sobrevivência além do que se pensava ser possível. A ligação reduz a taxa de degradação química espontânea”, disse Willerslev.
Willerslev complementa afirmando que o DNA fragmentado não pode ser usado para ressuscitar espécies extintas como nos livros e filmes “Jurassic Park”, mas pode revelar segredos de como as plantas podem se tornar mais resistentes a um clima mais quente.
“Você não pode usá-los para clonagem”, disse Willerslev sobre os remanescentes de DNA, “mas você pode usá-lo para modificar geneticamente organismos vivos, como plantas, para se tornarem mais adaptados a um clima mais quente.”
O DNA anterior mais antigo registrado foi extraído do molar de um mamute, outro parente do elefante, no nordeste da Sibéria, datado de até 1,2 milhão de anos atrás, também preservado em condições de permafrost. Vale comparar que a nossa espécie, Homo sapiens, surgiu há cerca de 300 mil anos.
Uma parcela do conhecimento sobre organismos pré-históricos vem do estudo de fósseis, mas há um limite para o que eles podem revelar, particularmente em relação a relações e características genéticas. É aí que o DNA antigo se mostra inestimável.
A maior parte da Groenlândia é coberta de gelo, sendo considerada um deserto polar, porém, 2 milhões de anos atrás as temperaturas médias da Groenlândia eram de 11 a 17 graus Celsius mais altas, de acordo com o primeiro autor do estudo, Kurt Kjaer, da Universidade de Copenhague.
A presença de espécies marinhas, incluindo caranguejo-ferradura e algas verdes, também entre o DNA detectado, ilustra esse clima mais quente, disseram os pesquisadores.
O DNA revelou este antigo ecossistema em detalhes, com uma floresta boreal aberta com árvores, arbustos e plantas menores e repleta de animais.
Ele não identificou quais grandes predadores estavam presentes, mas estes podem ter incluído lobos, ursos e felinos dente-de-sabre, de acordo com o coautor do estudo, Mikkel Pedersen, da Universidade de Copenhague.
O coautor do estudo, Nicolaj Larsen, da Universidade de Copenhague, disse que os pesquisadores estão de olho em locais no norte do Canadá para um DNA ainda mais antigo.