Animais realmente 'farejam' o medo em humanos?
Capacidade de percepção dos animais gera uma série de questionamentos; diante disso, um estudo tentou desvendar a maneira como eles reagem aos sentimentos humanos.
Muitas vezes, o poder de percepção dos animais pega os seres humanos desprevenidos. Afinal, eles possuem uma sensibilidade enigmática que surpreende não só pelo inusitado, mas pela sua capacidade muitas vezes fora do comum.
Nesse caso, não estamos falando somente sobre cães e gatos, com os quais convivemos rotineiramente e que, por isso, criam uma relação mais próxima. A mesma afirmação vale para várias outras espécies de animais.
Os animais conseguem observar nas pessoas aspectos que revelam diferentes sentimentos. A grande pergunta, nesse caso, é se essa percepção se dá também pelo cheiro.
Será que os animais conseguem farejar o medo em humanos?
A capacidade de percepção dos animais
Relação próxima de animais com os tutores reflete na maneira como eles reagem – Foto: Reprodução
Quem tem animal em casa ou convive rotineiramente com um sabe como ele se comporta diante dos diferentes sentimentos humanos. Um cachorro, por exemplo, muitas vezes se comporta a partir disso.
Nessa hora, expressões faciais, tom de voz, postura corporal e disposição servem de elementos identificadores para eles. Isso demonstra como os animais conseguem observar traços subjetivos e corresponder a eles, seja retraindo-se ou ficando mais distantes.
Um estudo de 2018, publicado na Animal Cognition, revelou que os bichos são capazes de avaliar diversos sinais, incluindo aspectos químicos, como o cheiro que emitimos. Os cientistas realizaram um experimento para comprovar isso.
Um labrador e um golden retriever foram colocados em um espaço juntamente com seus respectivos tutores e uma outra pessoa desconhecida.
Assim, puderam avaliar o comportamento dos animais em diferentes situações.
Reação dos cachorros aos sentimentos de tutores
Os pesquisadores recolheram amostras de suor dos tutores depois que assistiram a vídeos que despertavam alegria e tristeza.
Em seguida, essas mesmas amostras foram colocadas na sala onde estavam o cachorro e as duas pessoas: o tutor e a pessoa desconhecida.
O resultado surpreendeu os cientistas. Quando os cachorros sentiram o cheiro do suor de seus tutores alegres, eles corresponderam de forma mais aberta.
O oposto ocorreu quando foram colocados em contato com a amostra de suor de tutores tristes ou assustados.
Essa relação refletiu diretamente na maneira como eles interagiram com a pessoa estranha na sala.
Os cachorros se mostraram mais dispostos a interagir quando colocados em contato com cheiros de emoções positivas. Na situação contrária, eles tentaram sair da sala ou ficaram perto da porta.
Esse mesmo tipo de estudo chegou a conclusões semelhantes ao ser aplicado em cavalos.
Os animais possuem, sim, uma percepção especial, o que fica claro pela maneira como reagem diante de emoções distintas, mesmo que seja apenas pelo cheiro. Ou seja, eles farejam de longe.