O que os sobreviventes verdadeiros da 'Sociedade da Neve' acham do filme da Netflix?

JA Bayona, o diretor do filme ‘Sociedade da Neve’, um dos grandes sucessos do serviço de streaming da Netflix, recentemente falou sobre a forma como os sobreviventes reais do ocorrido avaliaram a produção.

Para quem não se lembra, o ocorrido deu-se no ano de 1972 na Cordilheira dos Andes, uma grande cadeia de montanhas nevadas.

Na ocasião do resgate, somente 16 dos 33 sobreviventes iniciais ainda se encontravam vivos. Logo, segundo Bayona, ele acredita que tanto as pessoas que vivenciaram o evento quanto suas famílias gostaram do resultado da adaptação dirigida por ele.

Impressão do diretor sobre reação dos sobreviventes

“Cinco dias antes da estreia mundial em Veneza, apanhei um voo para o Uruguai e mostrei o filme a todos os sobreviventes, às famílias dos sobreviventes e às famílias dos falecidos, todos juntos. Ficamos com muito medo — não só nós, mas também eles.Eles não tinham lido uma única linha do roteiro, então não sabiam o que esperar do filme. Mas, no final das contas, acho que a reação foi muito positiva. E fiquei muito impressionado ao ver as pessoas juntas pela primeira vez em 50 anos — de repente eles estavam lá, todos juntos assistindo ao filme, se abraçando e chorando.Fiquei aliviado, mas com certeza quem ficou mais aliviado foram os sobreviventes. Acho que eles realmente ficaram muito felizes com o filme”, revelou o diretor.

A obra da Netflix condiz com o evento real?

Sobreviventes tentam se aquecer na neve – Imagem: Netflix/Reprodução

O fato de os sobreviventes terem aprovado o filme mostra como Bayona retratou o desastre com fidelidade, mostrando a angústia e os percalços enfrentados por eles. Inclusive, ‘Sociedade da Neve’ conta com participações especiais dessas pessoas.

A adaptação mostra as experiências difíceis dos passageiros e as retrata com precisão emocional, apesar do cineasta ter modificado um pouco a história original, omitido ou adicionando alguns detalhes para potencializar o efeito dramático.

Porém, mesmo com tal licença poética, a adaptação veiculada pela Netflix se trata de uma representação bastante precisa do acidente nos Andes.

É retratada até a situação difícil em que os sobreviventes são obrigados a recorrer ao canibalismo para obter comida, devorando a carne dos que morreram antes.

A aprovação vinda daqueles que viveram tal experiência tão traumática demonstra o nível de qualidade da obra.

O longa pode ser considerado como um dos filmes sobre sobrevivência de mais alta qualidade dos tempos atuais, mostrando o que houve em 1972 nos Andes para todos que desconhecem o ocorrido.