Crise e custos elevados: pioneiro dos jogos prevê futuro drástico para o setor

Segundo Raph Koster, as próximas décadas podem trazer consigo um contexto caótico para a indústria de jogos.

A participação do designer-chefe de Ultima Online e chefe do EverQuest 2, Raph Koster, em uma conferência sobre o futuro dos games gerou um frenético burburinho no setor.

Durante a apresentação, Koster mostrou dados sobre os custos de desenvolvimento e analisou o contexto geral no mundo. A perspectiva para o futuro não é nada boa. Na visão dele, os custos tendem a aumentar ainda mais.

Esse assunto tem sido uma pauta frequente. No 30º aniversário da revista eletrônica Edge, vários desenvolvedores falaram sobre o que esperam para os próximos 30 anos.

Custos até dez vezes maiores

O avanço da inteligência artificial foi um tópico recorrente na fala de todos, mas Raph Koster abordou o tema sob uma outra perspectiva. Ele, basicamente, comparou dados de custo.

“Descobri que os orçamentos para o desenvolvimento de jogos estão aumentando exponencialmente, dez vezes por década”, apontou ele.

Foto: Reprodução

Consequências

O reflexo desse cenário é imediato, inclusive na criatividade e inovação dos games. Diante do aumento de custos, muitos estúdios estão preferindo apostar em conceitos já testados e comprovados, em vez de investir em novas ideias.

A tendência é que os jogos de serviço continuem dominantes nos próximos anos, pois eles geram mais lucros. Isso, por outro lado, pode comprometer o avanço dos jogos de história.

“Adoro jogar games narrativos, independentemente do que faço para viver. Mas isso não importa. Acho que eles estão em desvantagem nesse mercado”, diz Koster.

Alguns fatores externos também causam impacto

A análise apresentada por Koster, no entanto, não inclui somente os fatores e desafios internos da indústria. Ele também elencou os elementos macroeconômicos e ambientais do planeta.

Um dos receios, por exemplo, está ligado ao alto custo de energia. Uma provável crise energética pode afetar, em cheio, o setor dos games.

Crise na inovação

Em complemento à fala de Koster, Jade Raymond, outra figura importante do segmento que trabalhou no desenvolvimento de “Assassin’s Creed” da Ubisoft, também expôs suas previsões nada animadoras.

Para ele, não haverá grandes inovações tão cedo.

“A história mostra que as pessoas tendem a superestimar a velocidade das mudanças.Há uma boa chance de que muitos dos jogos que jogaremos daqui a dez anos já estejam em desenvolvimento hoje”, disse.

O desafio agora é saber se, nos próximos anos, haverá inovações de fato, ou se o contexto de “business as usual” continuará a ditar as regras e direções da criatividade.

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