Fim de jogo para uma das mais temidas sagas de terror: como 'Jogos Mortais' ficou tão ruim?
Da inovação no terror à luta pela relevância, entenda os altos e baixos desta franquia que redefiniu o gênero e quais foram os desafios no engajamento do público.
A indústria cinematográfica tem sua cota de altos e baixos, e a série “Jogos Mortais” sabe bem disso. Em 2004, quando a criação de James Wan, o atual queridinho do cinema de horror, abalou as estruturas do cinema convencional, não se falava de outra coisa. Hoje em dia, poucos curtem os filmes da franquia.
Abandonando a temática paranormal, a narrativa se centrou em situações brutais e agonizantes que testavam os limites dos espectadores. Mas o que poderia dar errado? Vamos conferir nesta uma análise.
Os problemas de ‘Jogos Mortais’
Imagem: Lionsgate/Reprodução
Quando “Jogos Mortais” estreou no cinema, o gênero “horror” estava saturado por muitos filmes que eram “mais do mesmo”. Por isso, a primeira obra da franquia foi muito bem recebida pelo público e, rapidamente, o impacto inicial do filme gerou uma demanda crescente por sequências similares.
Entretanto, como muitos filmes de terror antes dele, a infinidade de sequências fez com que a qualidade da história diminuísse progressivamente. Por que isso aconteceu? Bom, temos algumas pistas.
1. Mais sangue e menos história
A sede pelo gore, termo que descreve cenas de extrema violência visual, acabou por desviar a essência da série. As reviravoltas impressionantes e os dilemas morais, que foram destaques no início, perderam espaço para cenas explícitas e um enredo mais fraco.
A originalidade de “Jogos Mortais” envolvia seus espectadores em um suspense palpável. A inesquecível imagem de um homem optando por amputar o próprio membro para sobreviver é um exemplo vívido da força da narrativa. Contudo, a decisão subsequente de se concentrar mais no choque do que na substância acabou diluindo essa força.
2. Fixação em Jigsaw
O vilão principal, John Kramer, conhecido como Jigsaw, tornou-se um trunfo da série. Interpretado de maneira magistral por Tobin Bell, Jigsaw era um personagem complexo, visto como um vilão inteligente e com uma excelente motivação.
Contudo, o personagem inevitavelmente morreu, pois possuía câncer terminal. Assim, a saga teve que arranjar novos sucessores. Ocorre que nenhum dos sucessores de Jigsaw, seja Amanda ou o Detetive Hoffman, possuíam o carisma, motivação ou sequer seguiam as regras de John Kramer. Desse modo, não foi possível para eles sustentar a franquia.
3. Excesso de sequências
Após o capítulo 7, intitulado “Jogos Mortais: o Final”, a saga parecia ter finalmente encontrado o seu fim e fechado o ciclo. Entretanto, depois disso, ainda surgiram mais dois filmes, além do atual décimo filme que está em exibição nos cinemas, chamado “Jogos Mortais X”.
O esforço para rejuvenescer a série resultou em “Jogos Mortais: Jigsaw” em 2017. A tentativa, porém, acabou recebendo críticas mornas e não conseguiu capturar a essência que fez da série original um sucesso. Uma tentativa de spin-off, intitulada “Espiral”, também buscou trazer nova vida à saga, mas, ainda assim, não atingiu o impacto desejado.