James Webb pode ter encontrado primeiras estrelas com presença de matéria escura do Universo
Os dados apontam formações cósmicas com idade próxima à do Big Bang, com brilho e tamanho de alta magnitude. Saiba mais!
O universo é repleto de informações e fenômenos que ainda não conseguimos entender, explicar ou sequer detectar. Contudo, o desenvolvimento de tecnologias cada vez mais aprimoradas possibilitou a criação de satélites e telescópios com capacidade surpreendente de recolhimento e análise de dados, como o atual James Webb.
A cada nova divulgação envolvendo o telescópio espacial, cientistas de todo o mundo ficam impressionados e intrigados com as descobertas.
Por isso, a comunidade científica mostrou-se empolgada com a possibilidade de o telescópio James Webb ter encontrado indícios das primeiras estrelas negras já vistas no Universo. Essas seriam as mais antigas já observadas, algo que, até então, era apenas uma concepção teórica.
James Webb pode ter confirmado a existência de estrelas negras
Foto: Super Interessante/Reprodução
O James Webb foi lançado em 2021, com o objetivo de coletar informações sobre os primeiros corpos formados no início do Universo, logo após o Big Bang.
No fim do ano passado, o telescópio coletou imagens do que poderiam ser as primeiras galáxias formadas. Contudo, alguns pesquisadores acreditam que os corpos encontrados sejam de estrelas negras gigantes.
Vale ressaltar que essas estrelas, embora assim sejam chamadas, não são exatamente negras. Na realidade, elas podem ter um brilho um bilhão de vezes mais forte do que o do Sol, além de massa e diâmetro milhões de vezes superiores. Foi justamente esse alto índice de luminosidade que permitiu a captação de algo tão distante e antigo no Universo.
De acordo com a pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences, conduzida por cientistas da Universidade do Texas, em Austin, e da Universidade Colgate, essas estrelas são alimentadas por processos que envolvem matéria escura.
Para se ter uma noção, o tamanho dos objetos é tão grande que sua medida é de cerca de dez unidades astronômicas (10 ua), ou seja, dez vezes a distância entre a Terra e o Sol. Isso significa que, se eles estivessem no lugar do Sol, todos os planetas até a órbita de Saturno seriam engolidos por sua grandiosidade.
Diferença entre estrelas comuns e negras
As estrelas comumente vistas, como o Sol e todas as demais perceptíveis a olho nu, formam-se a partir da força gravitacional exercida em uma grande nuvem de poeira cósmica.
Por sua vez, essa poeira se aglomera ao ponto de pressionar os átomos até sua fusão nuclear, formando novas partículas em um processo que gera uma enorme quantidade de luz, calor e radiação.
Por outro lado, as estrelas negras também possuem a propriedade de serem formadas por matéria escura, ainda que em pequena quantidade. Essa matéria não interage com as ondas eletromagnéticas e se aniquila quando colide com matéria bariônica (a matéria comum que constitui tudo o que vemos).
Contudo, sua presença é percebida pela influência gravitacional no Universo, constituindo cerca de 85% de toda a matéria existente, sem a possibilidade de detecção visual.
Os cientistas do estudo têm procurado evidências de suas teorias sobre estrelas negras há mais de 15 anos sem sucesso. No entanto, isso não constitui um longo período, considerando que as teorias de Albert Einstein só foram comprovadas recentemente.
Qual é a explicação dos cientistas?
A ideia da explicação surgiu após a identificação do brilho de três galáxias muito antigas no Universo, formadas aproximadamente 330 milhões, 370 milhões e 400 milhões de anos após o Big Bang. Esse último evento ocorreu há 13,8 bilhões de anos e deu origem a tudo que conhecemos.
Foto: Pontos vermelhos referentes às possíveis estrelas escuras (NASA/ESA/Reprodução)
No entanto, essas formações seriam estranhas devido ao seu desenvolvimento, por isso alguns físicos propuseram essa explicação. Em relação às estrelas, Katherine Freese, autora sênior do estudo e astrofísica da Universidade do Texas, explica:
“Eles são feitos de matéria atômica e alimentados por uma pequena quantidade de matéria escura que se encontra em seu interior. Uma estrela escura supermassiva é tão brilhante quanto uma galáxia inteira, portanto, pode ser uma coisa ou outra.”
Os dados resgatados até o momento não são suficientes para confirmar essa hipótese. Contudo, o James Webb ainda pode fornecer evidências conclusivas para alguma explicação, considerando que as condições extremas do Universo jovem permitem tais formações.
Além disso, a energia liberada pela aniquilação de antipartículas, ou seja, matéria escura, é capaz de atingir impressionantes 10 mil graus Celsius, temperatura maior que a média da superfície solar.
Mesmo assim, o fato é que a detecção dos corpos pelo telescópio representa um avanço significativo no conhecimento humano. Além disso, conforme menciona Freese, pode revelar as primeiras informações sobre partículas escuras presentes na imensidão cósmica em que vivemos.