El Niño voltou: saiba tudo sobre esse fenômeno e veja como ele impacta o Brasil
Fenômeno climático tem origem no oceano Pacífico e pode tornar as águas até 4°C mais quentes que o normal durante sua passagem.
Na última quarta-feira (8), o Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos noticiou que o El Niño está de volta. O fenômeno climático retorna após três anos do padrão La Niña, trazendo a possibilidade de condições climáticas extremas ao final do ano.
Em maio, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) havia passado a informação de que o El Niño deveria se desenvolver ainda em 2023. Agora, a previsão parece se confirmar.
O que é o fenômeno El Niño?
O fenômeno é um padrão atmosférico-oceânico natural que se origina no Oceano Pacífico, próximo à Linha do Equador, e afeta diretamente o clima em todo o mundo.
Ele se caracteriza por alterações significativas na temperatura da água do mar: normalmente, a água quente está limitada ao Pacífico Ocidental pelos ventos que sopram de leste a oeste, direcionados à Indonésia e à Austrália.
Contudo, com o El Niño em curso, os ventos diminuem e, muitas vezes, chegam a inverter o sentido, viabilizando que a água mais quente se espalhe para o leste, podendo chegar até a América do Sul.
Até hoje, os meteorologistas procuram uma explicação sobre as razões pelas quais o fenômeno ocorre, no entanto, esclarecem que a baixa aceleração dos ventos pode durar semanas ou até meses.
Assim como muitos padrões climáticos conhecidos, o El Niño pode ocorrer a cada período de dois a sete anos, em intensidade que normalmente não é pré-estabelecida. As águas do Pacífico no Oriente podem ficar até 4°C mais quentes do que o normal durante sua passagem.
Conheça os efeitos para o Brasil
O Brasil é um dos países que não passa imune ao El Niño. Segundo o INPE (Centro de Previsão de Tempo) e o CPTEC (Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), durante o fenômeno, as temperaturas podem aumentar e provocar estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste do país. Já no outro extremo, em algumas partes da região Sul, o fenômeno costuma causar excesso de chuvas.
Em junho, o Oceano Pacífico equatorial tem grandes chances de estar com temperaturas acima da média, principalmente próximo da América do Sul, segundo o Climatempo.
Foto: Alina Souza/CP Memória
“O El Niño deverá se instalar de fato a partir de julho, e sua influência será notada a partir de agosto, com o aumento das chuvas na região Sul, diminuição no extremo Norte e elevação das temperaturas, que tendem a ficar acima da média na metade da Região Norte do país a partir de julho”, informa o Climatempo.
Ainda segundo a agência, “estima-se que seja um El Niño de intensidade moderada neste período”.
O avanço da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) pelo Sudeste favorece períodos mais secos entre as áreas centrais e parte do Sudeste do País, tipicamente observados durante o outono.
Também podem ser encontradas formações de frentes frias e de instabilidades mais para o Sul do Brasil, em Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste e em São Paulo, na região Sudeste.
Além disso, o Climatempo acrescenta que o El Niño costeiro deve afetar a intensificação da chuva em partes do Sul do Brasil, de Mato Grosso do Sul e de São Paulo.
Observando sob uma ótica econômica, os custos gerados pelo fenômeno climático chegam a aproximadamente US$ 3,4 trilhões, algo em torno de R$ 16,8 trilhões, segundo estudos realizados pelo cientista Christopher Callahan.
A economia global deve sofrer uma perda de US$ 3 trilhões (R$ 14,8 trilhões) até 2029.
“Podemos dizer com certeza que sociedades e economias não apenas sofrem um golpe e se recuperam. Nos trópicos e lugares que sofrem os efeitos do El Niño, você obtém uma assinatura persistente durante a qual o crescimento é retardado por pelo menos cinco anos”, afirma Christopher Callahan.