‘Mato Seco Em Chamas’ é o novo grande filme ‘underground’ nacional?
O filme já está em exibição nos cinemas de todo o país.
“Bacurau” correu para que “Mato Seco Em Chamas” pudesse voar! A nova produção nacional tem sido muito aclamada pela crítica internacional, e o impacto da narração, considerando o contexto nacional, não pode ser ignorado.
O filme é dirigido por Adirley Queirós, conhecido por “Era Uma Vez Em Brasília”, e Joana Pimenta. Por sua vez, a produção mistura o estilo documentário com enquadramentos com foco no depoimento dos personagens, junto com uma narrativa que traz elementos de ficção. Esse formato já rendeu ao longa os prêmios Athens Avant-Gard e Doku Fest.
O filme já está em exibição nos cinemas nacionais. Confira o trailer:
E no exterior, o que dizem sobre o filme?
O burburinho a respeito da repercussão de “Mato Seco Em Chamas” tem muito a ver com ele ter conseguido entrar para a lista de Escolhas da Crítica do The New York Times.
Assim, por ser uma lista bem seleta e que garante uma visibilidade maior à produção, alcançar esse espaço é muito importante para a popularidade internacional do longa.
Além de, evidentemente, a resenha publicada no jornal ter sido uma crítica elogiosa. Beatrice Loayza, responsável pela crítica de cinema do jornal, o descreveu como:
“Um filme feminista de gângsters do Brasil que cospe petróleo na cara do establishment político do país. […] Pimenta e Queirós inventam um mundo em que mulheres brasileiras que estão na base da pirâmide social resolvem o problema por conta própria.
E fazem isso sem um pingo de medo ou autopiedade, num estilo matador. [No longa] não são apenas tipos de artistas e atores famosos que representam essas possibilidades, mas as próprias pessoas mais empoderadas por se imaginarem de outra forma.”
Críticas nesse tom geram uma curiosidade sobre a proposta da narrativa, o que tem atraído a atenção do público internacional.
‘Mato Seco Em Chamas’: a história
Então, vamos para uma resenha de “Mato Seco Em Chamas”. A história tem foco na perspectiva de várias personagens, mas traçando uma linha de começo, acompanhamos Léa (Léa Alves da Silve). Recém-saída da prisão, ela está voltando para casa na favela Sol Nascente, em Brasília. Lá, junta-se à meia-irmã Chitara (Joana Darc Furtado).
Nesse momento, Chitara é líder de uma gangue composta só de mulheres que rouba petróleo de encanamentos subterrâneos e faz o processo de refinaria própria. Elas produzem a própria gasolina – sim, ela faz a gasolina dela – e repassam a produção para uma rede clandestina de motociclistas, em uma vibe bem “Sons of Anarchy”, de BSB.
Sua ação é uma estratégia de sobrevivência em oposição ao governo autoritário e militarizado vigente. O grupo liderado por Chitara reivindica as ruas em um posicionamento de resistência política radical.
A proposta de “Mato Seco Em Chamas” é retratar o “momento distópico contemporâneo do Brasil”, como descreve a Grasshopper Film, responsável pela distribuição do longa brasileiro.