Sequências nem sempre são uma boa saída

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Sequências nem sempre são uma boa saída. Nunca. Nos últimos dias a série “Round 6” da Netflix tem sido o centro das atenções de muitas conversas. Não é para menos. A produção da Coréia do Sul se tornou a série mais assistida da história da plataforma.

Com todo esse sucesso, é natural que comece a existir um burburinho sobre uma segunda temporada. Os espectadores querem ver mais da historia que os manteve entretidos. Já os produtores, por sua vez, geralmente querem aproveitar a onda positiva e encher ainda mais os bolsos.

Mas sequências nem sempre são boas ideias!

Não se trata de discutir se “Round 6” merece ou não uma sequência. Essa questão sempre dividirá os fãs de quaisquer obras.

Se trata de discutir se a obra em si já não está fechada, sem precisar de uma continuação. Casos em que a obra tem começo, meio e fim, todos bem articulados e que uma sequência poderia acabar com tudo.

Sequências nem sempre são uma boa saída
Cena de Round 6

A obra perfeita pode ser de qualquer mídia. Nos livros temos, por exemplo, a história do Harry Potter. Desde o início todos sabiam que a história seria contada em sete livros, sendo que cada livro traria um ano diferente do personagem título em Hogwarts.

A história foi contada. Teve início, meio e fim! Harry Potter não precisa de uma continuação. Inevitavelmente poderá acontecer, mas não precisa. Os fãs do bruxo, obviamente, gostariam que fossem lançados outros livros, contando outros aspectos da história, mas a autora J. K. Rowling não sucumbiu a tentação de continuar a história. É verdade que existiu um oitavo livro, mas ele foi, na realidade, uma peça de teatro, ou seja, podemos dizer que não entrou no cânone oficial.

No cinema, essas obras “perfeitas” também encontram seu lugar. Um dos exemplos mais claros é o filme “Curtindo a vida adoidado”. A película retrata um dia em que Ferris Bueller e seus amigos resolvem matar aula e curtir a vida. Todo o filme se passa em um dia e tem começo, meio e fim, sem pontas soltas.

Muito já se falou em fazer uma continuação para o filme, mas não é necessário. O filme acabou e pronto, virou um clássico, é reverenciado e é um daqueles filmes que valem a pena ser assistidos.

Outro bom exemplo é a trilogia “De volta para o futuro”. Os três filmes funcionam em conjunto (ainda que o terceiro seja o pior), contam a história que precisa ser contada e entregam uma boa dose de diversão e entretenimento para seus espectadores.

Batman Dark Knight Christian Bale Remembers Time On
Christian Bale em Batman

Outra trilogia que merece ser citada é a do Batman, do Christopher Nolan. Ela inicia mostrando o treinamento do Bruce Wayne, seu amadurecimento como herói e a aposentadoria (ou morte, dependendo da teoria em que você acredite) da vida de vigilante de Gotham. Lógico que o Batman já apareceu em outros filmes e irá continuar a aparecer, mas aquele Batman da trilogia do Nolan não precisa de continuação.

O filme do Coringa, por exemplo, é outro que não precisa de uma sequência. A construção do personagem, de um cara com distúrbios para um palhaço insano foi completa. Não é preciso ir para frente para ver o que acontecerá com ele. Aliás, todos já sabem o que acontece com o Coringa. O filme foi um sucesso e é natural que a Warner queira explorar ainda mais essa história, tanto que já se cogita uma sequência.

Mas não é necessária. A obra se fecha ali, com o Arthur Fleck conseguindo instaurar o caos em Gotham. O filme deixa todos em dúvida até mesmo se o personagem principal é o mesmo Coringa que enfrenta o Batman, pois esse Coringa parece ser mais “fraco” e menos inteligente que o vilão que todos conhecemos. Lógico que essa dúvida contracena perfeitamente com a mente insana que o Coringa tem, causando a dúvida nos espectadores.

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Retornando ao início do texto, é preciso entender que algumas obras já encontraram um fim nelas mesmas, sem precisar deixar pontas soltas para uma possível continuação.

É claro que hoje em dia é a bilheteria que manda nisso. Ou seja, se o filme faturou bem, provavelmente terá uma continuação. Já que as sequências são, em alguns casos inevitáveis, só resta aos fãs e espectadores torcerem para que o obra seja preservada!

mais uma vez reafirmo: Sequências nem sempre são uma boa saída.

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