125 anos de cinema nacional: conheça filmes indispensáveis e que fizeram história no país

Cinema brasileiro: ousadia, crítica social e transformação do país retratados através de obras icônicas que marcaram história.

O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho. Essa data celebra a importância da produção cinematográfica nacional e homenageia os profissionais que desenvolvem a indústria cinematográfica no Brasil.

O dia 19 de junho é definido como o Dia do Cinema Brasileiro em homenagem ao que se acredita ter sido a primeira exibição cinematográfica nacional.

isso porque, em 19 de junho de 1898, o ítalo-brasileiro Afonso Segreto filmou a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio Brasil, durante seu retorno da Europa.

Portanto, neste ano, 2023, comemoramos 125 anos desse feito, e essa é uma ótima oportunidade para refletir sobre o poder do cinema como meio de expressão artística e ferramenta para contar histórias, transmitir mensagens e promover a reflexão sobre questões sociais, culturais e políticas.

O cinema brasileiro, ao longo dos anos, tem retratado a diversidade e a riqueza cultural do país, formando assim uma identidade nacional e promovendo o reconhecimento internacional.

Hoje, vamos relembrar alguns movimentos e filmes que fizeram parte da história do cinema brasileiro.

‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ e o ano de 1964

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” é um filme brasileiro dirigido por Glauber Rocha. Ele é considerado uma das obras mais emblemáticas do movimento Cinema Novo e teve uma forte influência no cenário cinematográfico brasileiro da época.

O filme retrata a história de Manuel e Rosa, um casal de camponeses nordestinos que se envolve em um conflito com um fazendeiro opressor e, em seguida, segue caminhos divergentes em busca de suas crenças e liberdade.

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” foi lançado em 1964, mesmo ano em que ocorreu o golpe militar no Brasil. Embora o filme não tenha tido uma relação direta com a ditadura em si, a obra de Glauber Rocha, como um todo, foi marcada por seu posicionamento político e suas críticas sociais, o que  posteriormente  gerou conflitos com o regime militar.

Cinema Novo e sua revoluções

Já o Movimento Cinema Novo foi uma verdadeira “pedra no sapato” do cinema tradicional brasileiro. Surgido na década de 1960, esse movimento cinematográfico revolucionário desafiou as convenções estabelecidas e rompeu com as fórmulas tradicionais de fazer cinema.

Os cineastas buscavam uma nova forma de expressão, mais autoral, engajada politicamente e voltada para a realidade brasileira. Eles rejeitaram as narrativas convencionais e idealizadas e se propuseram a retratar a verdadeira face do país, suas desigualdades sociais, opressões e lutas populares.

Essa abordagem desafiadora confrontou o cinema tradicional, que muitas vezes se preocupava em criar uma imagem estereotipada do Brasil, ignorando as questões sociais e políticas que permeavam a realidade.

O Cinema Novo trouxe uma estética inovadora, com narrativas não lineares e montagens ousadas. Os cineastas exploraram diferentes técnicas cinematográficas, muitas vezes utilizando recursos limitados, mas buscando a originalidade e a expressão pessoal em cada obra. Um filme que fez parte deste movimento merece destaque.

Glauber Rocha e seu legado

Glauber Rocha foi um dos cineastas mais importantes e influentes na história do cinema brasileiro. Sua contribuição para a indústria cinematográfica foi marcada por uma abordagem inovadora, um olhar crítico sobre a realidade social e política do Brasil.

Ele foi um dos que mais se engajaram na luta pelo Cinema Novo. A visão de Glauber era de um cinema político, que usasse a linguagem cinematográfica como uma ferramenta de reflexão, denúncia e transformação social.

Sua grande luta também foi pela criação de políticas públicas de fomento ao cinema nacional, pela formação de cineastas e pela ampliação do acesso ao cinema brasileiro dentro e fora do país.

Seu ativismo e ideias influenciaram gerações de cineastas brasileiros, deixando um legado no cinema nacional.

A ‘pornochanchada’

O movimento Pornochanchada também merece destaque aqui. Ele foi marcado pela produção de filmes de teor erótico e cômico, com forte apelo popular, ocorrendo nas décadas de 1960, 1970 e parte da década de 1980.

O termo “pornochanchada” é uma junção das palavras “porno” (referente à sexualidade explícita) e “chanchada” (gênero de comédia popular brasileira).

Os filmes do movimento Pornochanchada apresentavam uma mistura de erotismo, humor escrachado e sátira social. Geralmente, eram produções de baixo orçamento, com enredos simples e ênfase em situações picantes e cenas de nudez.

Além do conteúdo sexual, a pornochanchada também refletiu as transformações socioculturais do Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Os filmes exploravam temas como a liberação sexual, o papel da mulher na sociedade, a modernização das grandes cidades e a influência da cultura estrangeira.

O movimento foi extremamente popular no Brasil, atraindo grandes públicos para as salas de cinema. Os filmes eram exibidos tanto em circuitos comerciais quanto em salas de exibição alternativas.

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